top of page

Rêverie e Enactment na situação de supervisão. O campo do diálogo clínico

  • marinaribeiroblog2
  • 1 de dez. de 2018
  • 23 min de leitura

Marina Ferreira da Rosa Ribeiro - Profa. Dra. IPUSP


O artigo apresenta uma síntese dos conceitos de rêverie e enactment, destacando a utilidade de ambos na clínica psicanalítica contemporânea e, especificamente, no contexto de supervisão. Quando ocorre o enactment, situações de impasse eclodem, podendo, inclusive, gerar o rompimento do processo analítico. Contudo, também podemos estar diante da oportunidade de transformação dos conteúdos mentais inconscientes presentes na sala de análise, a partir da capacidade de continência psíquica do analista, com a colaboração do supervisor, que pode ser um professor durante a formação ou um colega consultor. Nessas situações, em que o analista é tomado pela intensa turbulência emocional que se faz presente no campo analítico, torna-se fundamental a capacidade de rêverie do supervisor, de modo a possibilitar a compreensão de angústias ainda não passíveis de serem narradas na sala de análise. De modo a aprofundar ainda mais o tema, além da discussão conceitual, são também apresentadas neste texto duas situações de supervisão que ajudam a esclarecer os fenômenos de rêverie e enactment. Por fim, sugere-se um novo termo para a situação de supervisão: campo do diálogo clínico, de maneira a precisar a inter-relação entre o conceito de campo analítico e o contexto de supervisão.


1 Agradeço a prestimosa contribuição de Darlene Ferragut e Edilaine Pugliese para a construção deste texto.


Palavras-chave: enactment, rêverie, supervisão, campo analítico, continente-contido, Bion.


ABSTRACT


This article shows a synthesis of the rêverie and enactment concepts, emphasizing the usefulness of both for the contemporaneous psychoanalytic clinic, especifically in the context of supervision. When enactment occurs, situations of impasse arise, even making it possible the rupture of the analytical process. However, we can also be in front of the opportunity for transformation of the unconscious mental contents, which are present in the analysis room out of the analyst’s capacity for psychic continence, together with the cooperation from the supervisor, who can be a professor over the formation period or else a colleague consultant. In these situations, when the analyst is taken by intense emotional turbulence which takes place in the analytical field, the supervisor’s capacity for rêverie becomes fundamental, so that it endows him or her with the understanding of the states of anguish that are not yet liable to be narrated in the analysis room. In order to deepen still more the theme, besides the conceptual discussion, two situations of supervision are presented in this text. They help clarify the rêverie and enactment concepts phenomena. Finally, a new term is suggested for the situation of supervision: field of the clinical dialogue, in order to state exactly the interrelationship between the analytical field and the supervision context.


Key words: enactment, rêverie, supervision, analytical field, continent-contained, Bion.



Introdução


Freud (1925/1980) escreve que a psicanálise é uma das profissões impossíveis, conjuntamente com educar e governar, ou seja, estamos diante de um desafio considerável, admitido desde o início por seu fundador.


Em razão disso, faz parte da formação de um analista o tripé análise, supervisão e teoria psicanalítica - três campos consagrados há muitas décadas, mas com intersecções nem sempre fáceis de discernir (Zaslavsky & Nunes, 2006). Sabemos, também, que essa tríade permanece presente ao longo do exercício profissional de um psicanalista, mesmo que de maneira descontínua.


Não há dúvidas de que, somadas aos outros campos, as horas de supervisão, tema deste artigo, contribuem significativamente para o enfrentamento dessa profissão que tentamos, a cada sessão, tornar possível. Contudo, não deixam de ser, também, desafiadoras para todos os implicados: aqueles que estão em formação, os analistas mais experientes e, obviamente, para os próprios supervisores.


De modo a aprofundar a discussão, trago aqui, sucintamente, os conceitos de rêverie (Bion, 1962/2014), de campo analítico (Barangers, 1961/1962/1993) e de enactment (Ellman e Moskowitz, 1998; Cassorla, 2015). Parto da compreensão, consagrada na psicanálise contemporânea, de que na situação analítica os processos mentais do analista também estão implicados e devem ser considerados como um importante instrumento de trabalho. Vale dizer, considero tanto os aspectos intrasubjetivos, quanto os intersubjetivos, sempre indissociáveis.


Ao final, apresento então duas breves situações de supervisão. A primeira evidencia o conceito de rêverie e sua importância na compreensão de elementos ainda não passíveis de uma narrativa pela dupla analítica em questão. A segunda, a importância da continência emocional do supervisor quando ocorre o fenômeno do enactment entre analista e analisando, para que os conteúdos emocionais encenados na dupla encontrem um percurso de transformação e não de paralisação do processo analítico.


A necessidade de continência psíquica por parte do supervisor


Começar a atender pacientes implica em uma tensão inevitável, mesmo quando o profissional foi bem preparado para essa atividade. Mas o que seria alguém bem preparado para atender um paciente? Faço uma analogia com uma situação comum: uma mãe primigesta com seu bebê recém-nascido. Por mais que ela tenha se ‘preparado’ - lido muitos livros, conversado com outras mães, se dedicado a outras crianças, feito cursos sobre os cuidados com bebês, além do fato de ter sido filha de alguém -, a maternidade introduz uma situação experiencialmente ainda inédita na vida daquela pessoa, e corriqueiramente, vivida com angústia e desamparo. Uma mãe de segunda viagem, ou terceira, pode estar um pouco mais segura das suas capacidades maternas; no entanto, a nova dupla mãe-bebê que se constitui será, também, um novo desafio.

Da mesma forma, um analista, por mais experiente que seja, quando recebe um paciente, encontra-se diante de uma situação nova e desafiadora. Ainda que os anos de atendimento lhe ofereçam um acervo internalizado da função analítica, não evitam a angústia diante do que ainda não é conhecido. Dessa forma, a abertura e disponibilidade ao desconhecido são habilidades fundamentais.


Bion (1970/2014), inspirado no poeta Keats, aconselhou que o analista deve manter uma atitude de reserva diante do conhecimento, do já sabido, não sendo recomendável que ele se precipite em buscar fatos ou encontrar razões para compreender o material compartilhado pelo analisando. Essa disposição analítica foi nomeada pelo autor como capacidade negativa. Trata-se, pois, da capacidade de permanecer na turbulência emocional2 (Bion, 1976/2014) da sessão, confiante de que o sentido do material surgirá com o tempo e de acordo com a capacidade de transformação da dupla analítica.


2 Turbulência emocional é um termo usado por Bion (1976/2014), significando que o encontro entre analista e analisando deve gerar turbulências, indicando que o processo analítico não está estagnado em um conluio de acomodação da dupla.


Podemos conjecturar então que, para o analista com muitos anos de prática, a capacidade negativa pode ser um exercício ainda mais desafiador do que para o analista iniciante, justamente porque já cumulou muitos anos de exercício clínico, e, além disso, apegar-se ao conhecido parece ser uma disposição comum3, no sentido de evitar as turbulências geradas pelo encontro analítico.


Em relação a esse aspecto, cabe lembrar da insígnia sugerida por Bion (1967/2014), de que o analista precisa alcançar a disciplina mental de estar em um estado sem memória e sem desejo. Aqui, o autor sublinha o legado freudiano, de que a atenção do analista necessita se manter realmente flutuante. De fato, é condição psíquica importante para o processo analítico essa capacidade do analista de não se apegar a fatos, razões, desejos ou memórias, de modo que sua atenção possa flutuar pelas turbulências emocionais presentes na sala de análise, tolerando não saber, para, assim, ser permeável ao novo, e ao novo paciente, a cada sessão. A esse respeito, escrevem Gabbard e Ogden (2009) que temos a responsabilidade de nos tornarmos com cada paciente o analista que antes nunca fomos.


Devemos, pois, receber um paciente como se fosse sempre a primeira vez, aconselha Bion (1967/2014), de maneira que analista e analisando não se apeguem ao conhecido e ao familiar, podendo então se lançar em busca do desconhecido, da transformação emocional que ainda não ocorreu. Essa ideia tem como referência a compreensão de que faz parte do funcionamento psíquico ‘saudável’ uma mente em constante expansão - há sempre um pensamento novo no horizonte, uma transformação emocional que ainda não ocorreu.


Para Bion (1990/2014), devem existir, na sala de análise, duas pessoas amedrontadas - caso não estejam, será que ambas estão ali, apenas, para conversar sobre o que já sabem? O encontro humano gera turbulências emocionais e, apesar da aparência geralmente confortável da sala de análise, ali é o lugar no qual o desconforto psíquico precisa se apresentar. O trabalho do analista é se ater aos elementos enigmáticos da sessão, aqueles que ainda não puderam ser pensados, simbolizados e, então, narrados - a emoção em seu estado bruto, portanto, ainda enigmática.


3 A necessidade de segurança, de não se arriscar ao novo, parece ser uma disposição comum, que tende a se acentuar com o passar dos anos.


A situação de supervisão, tanto para iniciantes, como para analistas mais experientes, deveria ter a qualidade de continência às angústias despertadas durante os atendimentos. O leitor poderia perguntar: mas o analista se angustia? Não seria o paciente o angustiado? Digamos que as angústias dos pacientes precisam ser contidas na mente do analista para serem transformadas. Em outras palavras, a mente do analista precisa ter uma qualidade de permeabilidade às angústias dos pacientes para que a análise aconteça, e isso não é tarefa fácil. E, justamente, pelo fato de o analista estar exposto às inéditas situações de angústias durante seus atendimentos, sua capacidade de continência psíquica precisa ser constantemente cuidada e, em algumas situações, também reparada.


Cabem aqui algumas breves pontuações conceituais. A expressão capacidade de continência psíquica surge dos conceitos de Bion (1962/2014) de continente e conteúdo. A partir do conceito de identificação projetiva de M. Klein (1946/1991 e 1955/1991), Bion postulou que deve haver outra mente que contém um conteúdo projetado e, ao fazê-lo, o transforma (elabora) e o devolve de forma mais assimilável. Para o autor, esse é o modelo de funcionamento mental usado tanto na compreensão da relação mãe-bebê, como entre analista e analisando. Bion (1959/2014) escreve que a identificação projetiva do analisando lhe possibilita investigar seus próprios sentimentos dentro de uma personalidade forte, a do analista, o suficiente para contê-los4.


A capacidade de continência emocional do analista – capacidade de ser continente às angústias dos pacientes - pode ser experienciada e reconhecida por meio da rêverie do analista. Suscintamente, a rêverie5 é o sonho acordado, o devaneio. Consiste na capacidade imaginativa da mente do analista, e também da mãe com seu bebê, que capta as emoções em estado bruto, o enigmático do material clínico, transformando-as e metabolizando-as em representações imagéticas e, posteriormente, em narrativas6.


A rêverie é a manifestação do ‘sonhar’ do analista, e, também, do supervisor. Segundo Ogden (2005), na tradição bioniana, o ‘sonhar’ é o trabalho psicológico inconsciente de elaboração da experiência emocional, ocorrendo tanto na vida de vigília, como durante o sono. A partir desta compreensão, na situação de supervisão, o supervisor colabora, favorece, ajuda, o supervisionando a sonhar os elementos ainda não elaborados da sua experiência emocional com o paciente.


4 Para um aprofundamento do tema ver o artigo de minha autoria: Uma reflexão conceitual entre identificação projetiva e enactment. O analista implicado, 2016.

5 Palavra francesa, mantida sem tradução nos textos originais. Em inglês a tradução seria day-dream.

6 Zimerman (2004, p. 231) considera que a rêverie é uma ampliação e complementação do que Freud denominou como a atenção flutuante do analista, aspecto já citado anteriormente.


Considerando esse mesmo enfoque continente-contido na situação de supervisão abordada neste texto, encontramos a publicação das psicanalistas argentinas Ungar e Ahumada (2001). Para as autoras, a sessão analítica e a sessão de supervisão são áreas interatuantes, ou seja, áreas paralelas que se influenciam. Ao favorecer a continência das ansiedades presentes na sessão de análise, a supervisão possibilita que o supervisionado sustente, da melhor forma possível, o processo analítico. Como sugerido no clássico artigo de Fleming e Benedek (1964), usado como referência no trabalho dessas psicanalistas, elas concluem que a supervisão facilita o desenvolvimento da personalidade do analista como principal instrumento de trabalho.


Nesta mesma direção, privilegiando o enfoque continente-contido, Gabbard e Ogden (2009) consideram que o continente é um processo de elaboração dos pensamentos perturbadores e o contido, a representação psíquica dos pensamentos ligados à experiência perturbadora. Faz parte da disposição de continência do analista a capacidade de pensar/sonhar as experiências emocionais trazidas pelo analisando.


Para Bion (1962/2014), pensar é sonhar a experiência emocional e, dessa forma, ser capaz de aprender com a experiência. Porém, é preciso considerar que a experiência vivida costuma exceder nossa capacidade de pensá-la ou sonhá-la. De fato, o analista é, no cotidiano da clínica, inevitavelmente colocado em situações que excedem a sua capacidade de metabolização do vivido.


Em Análise terminável e interminável, Freud (1937/1980) orienta os analistas que, a cada cinco anos, submetam-se a um novo período de análise, devido à força das exigências pulsionais7. Hoje, podemos considerar que o analista está exposto, durante os seus atendimentos, a uma considerável cota de sofrimento psíquico, além do fato de que uma análise é interminável, de que não há a possibilidade de alguém ser completamente analisado.


7 Freud (1937/1980, p. 284) escreve: “(...) Não seria de surpreender que o efeito de uma preocupação constante com todo o material reprimido que luta por liberdade na mente humana despertasse também no analista as exigências instituais que de outra maneira ele é capaz de manter suprimidas. Também esses são ‘perigos da análise’, embora ameacem não o parceiro passivo, mas o parceiro ativo da situação analítica, e não deveríamos negligenciar enfrentá-los. Não pode haver dúvida sobre o modo como isso deve ser feito. Todo analista deveria periodicamente – com intervalos de aproximadamente cinco anos – submeter-se mais uma vez à análise, sem se sentir envergonhado por tomar essa medida. Isso significaria, portanto, que não seria apenas a análise terapêutica dos pacientes, mas sua própria análise que se transformaria de tarefa terminável em interminável”.


A esse respeito, Bion (1990/2014) expressa que, ao final de uma análise, poderíamos considerar ter alcançado o melhor que se pode com quem se é, ou seja, com as incontornáveis idiossincrasias do funcionamento psíquico de cada um. Como o funcionamento mental do analista é o seu instrumento de trabalho, o compromisso de estar mentalmente disponível para o seu paciente é um desafio a cada sessão, ano após ano. Essas considerações tornam ainda mais significativo o trabalho de elaboração psíquica que ocorre nas situações de supervisão, como um forte aliado no enfrentamento dessa profissão que tentamos tornar possível a cada sessão.


A supervisão como campo de diálogo clínico


Penso, porém, que o termo supervisão pode gerar alguns equívocos, favorecendo idealizações, principalmente para o iniciante. A principal idealização é de que o analista mais experiente não sofre angústias e apreensões nos seus atendimentos, que está sempre conduzindo a análise com tranquilidade, supostamente gerada pela posse de um conhecimento psicanalítico constituído ao longo de seus anos de prática e estudos. No entanto, parece que o analista experiente também não escapa dos desafios dessa profissão impossível: há o esforço para desapegar-se ao conhecido, intento necessário para que a análise seja um espaço de criatividade e vitalidade. Um exemplo amplamente conhecido desse desapego do conhecido é a atitude investigativa de Freud, sempre disposto a olhar o fenômeno clínico de uma nova maneira, muitas vezes, abrindo mão, textualmente, do que já havia dito.


Porém, desapegar-se do já conhecido não significa deixar de lado o acervo teórico existente na psicanálise hoje; muito ao contrário, trata-se de considerar que o setting analítico é o lugar no qual as articulações conceituais devem estar incorporadas na mente do analista, permanecendo apenas como um fundo que sustenta a técnica e o processo analítico. Situação similar ocorre em relação às normas que regem a língua falada: não precisamos lembrá-las para nos fazer entender. Ao entrar na sessão, é recomendável então que o analista não use suas teorias como uma proteção indevida às angústias provocadas pelos aspectos enigmáticos do material clínico. Do contrário, a análise pode se tornar um lugar de apego e comprovação da teoria, e não de realização da função analítica do analista em prol das demandas psíquicas do analisando.


Gabbard e Ogden (2009) sugerem que, para um analista já formado, a supervisão seria uma situação de diálogo clínico com um colega mais experiente e parceiro, e não uma conversação com alguém com uma ‘super-visão’ diante de outro alguém desamparado, sem essa condição ‘super’. O colega mais experiente escuta de outro lugar, no qual há um arrefecimento das turbulências emocionais presentes no campo analítico durante a sessão. Penso que a principal função dessas conversas sobre atendimentos clínicos seja favorecer e amplificar a capacidade de continência psíquica do analista às angústias que circulam na sala de análise. Essa condição de diálogo clínico parece ser, também, pertinente àqueles que estão em formação.

Mas há também outro aspecto a ser pontuado em relação à supervisão clínica: a possibilidade de esse espaço de troca acabar por favorecer paralisações, decorrentes de críticas autocondenatórias do analista. Assim, se a autocondenação prevalece, o analista pode ficar preso à interpretação supostamente “correta”, aos erros e acertos, se deveria realmente ter feito dessa forma, ou de outra, etc. Penso que a função analítica do analista é uma condição psíquica que se torna precária diante de críticas excessivas; aliás, estas costumam comprometer a capacidade de continência emocional do analista às angústias do paciente. Refletir, mesmo que de modo crítico, sobre uma sessão, favorece o processo, mas as críticas excessivas podem gerar paralisações.


Nas situações clínicas em que ocorre o que se denomina hoje de enactment, o analista comumente se sente cometendo uma falha grave, o que pode dificultar ainda mais a compreensão e elaboração da situação, ocorrendo impasses ou interrupções abruptas da análise em função dessa dificuldade. É habitual ser esse o momento em que o analista busca a colaboração de um colega; ou seja, o analista está geralmente exposto nas suas fragilidades e dúvidas, precisando da capacidade de continência psíquica do colega que está fora da situação analítica turbulenta.


Mas a que se refere o conceito de enactment, precisamente? Ainda que tenha entrado no vocabulário psicanalítico há relativamente pouco tempo, devido a sua utilidade clínica, o enactment tem sido citado em vários textos e discussões. Alguns autores (Mclaughlin, 1998; Bohleber et al., 2015) retomam a história do conceito, localizando sua primeira aparição no título de um trabalho de Theodore Jacobs (1998), originalmente publicado em 1986: On couter-transference enactments, que se tornou então referência para o entendimento do termo.


Para explicitar uma compreensão do enactment, uso a descrição de Cassorla (2015, p.47):

(...) fenômeno intersubjetivo em que, a partir da indução emocional mútua, o campo analítico é tomado por condutas e comportamentos que envolvem ambos os membros da dupla analítica, sem que eles se deem conta suficiente do que está ocorrendo, e que remetem a situações em que a simbolização verbal está prejudicada.

Destaco que essa compreensão está acoplada a outro conceito que vem sendo discutido na psicanálise contemporânea: a compreensão da situação analítica pertencendo ao campo analítico. O casal Baranger (1961-1962/1993, p. 145) define originalmente o campo analítico da seguinte maneira:


O campo bipessoal da situação analítica está constantemente orientado por três (ou mais) configurações: o contrato básico, a configuração aparente do material manifesto, inclusive a função do analista nele, e a fantasia inconsciente bipessoal, que é objeto da interpretação. Essa estrutura é constituída pelo interjogo de processos de identificações projetivas e introjetivas e de contraidentificações, com seus limites, funções e características diferentes no paciente e no analista.


A partir de um estudo aprofundado da obra Melanie Klein, o casal Baranger faz contribuições originais para a compreensão da situação analítica. A fantasia inconsciente8 passa a ser compreendida como uma fantasia inconsciente bipessoal, ou seja, se insere na compreensão da intersubjetividade entre analista e analisando e seus efeitos no processo analítico.


Parto da ideia de que, no diálogo clínico na supervisão, o fenômeno de campo analítico também acontece, porém com algumas especificidades. A assimetria da relação analítica se modifica - são dois colegas de profissão trabalhando, considerando- se as distintas experiências, tanto clínicas como teóricas. O foco de atenção no campo do diálogo clínico costuma ser a dupla analítica, sendo o colega mais experiente um terceiro na situação, o que favorece o que o casal Baranger (1961-1962/1993) denominou um segundo olhar. Trata-se, como o próprio nome diz, de olhar novamente o material clínico e tentar identificar novos vértices de compreensão. O segundo olhar pode advir do analista auto reflexivamente e/ou conjuntamente com seu supervisor.


8 Fantasia inconsciente é um conceito central na teoria kleiniana, refere-se à representação psíquica da pulsão, e constitui o conteúdo básico da vida mental.


O colega consultor9 ou o professor na formação ocupam, pois, um lugar privilegiado. Ambos estão fora da sala de análise, ocupam um lugar não tão próximo, não tão imerso nos conteúdos emocionais presentes no atendimento. Trata-se de um posto de observação mais elevado, com vista panorâmica e ainda portando um binóculo potente. O horizonte se torna mais amplo, e a capacidade de analisar os detalhes também. Além das diferenças quanto ao tempo de experiência clínica e domínio da teoria, o lugar ocupado pelo supervisor é, portanto, favorável. Se pensarmos essa situação como uma visão ‘super’, no sentido de ampliada, saímos da área de risco dos autojulgamentos do analista, os quais podem comprometer sua capacidade de continência, especialmente nas situações de enactment10.

Considerando os conceitos expostos, apresento a seguir duas vinhetas clínicas, nas quais a capacidade de continência psíquica do supervisor favoreceu a transformação da situação analítica incialmente apresentada na supervisão, promovendo uma expansão do campo analítico.


Diálogo clínico na situação de supervisão I 11: o ilusionista


Alice12, uma adolescente, inicia a análise com uma queixa trazida pelos pais, de baixo limiar de tolerância à frustração. Sempre que era frustrada no que queria, tinha um acesso de raiva e destruía objetos. Nos primeiros encontros, a analista observou um funcionamento psíquico que a preocupou. Era muito difícil distinguir, na narrativa de Alice, o que era factual do que era apenas invenção. A sensação na sala de análise, que se manifestou na rêverie da analista, era de um espaço de nebulosidade e nuvens de fumaça. Não era possível enxergar o que estava acontecendo.


Nas sessões, com certa propriedade, Alice discursava sobre patologias psíquicas e seus sintomas, sugerindo que sofria deles, e gerando a impressão de ter estudado minuciosamente cada uma dessas doenças. Em outros momentos, descrevia como faria para executar um animal, e observava as reações da analista.


9 Gabbard e Ogden (2009) usam o termo consultor, e, também, usam a expressão um colega mais experiente. Fiz a junção colega consultor a partir deste texto.

10 Para um aprofundamento sobre os impasses gerados pelo enactment, consultar o livro: Enactments e transformações no campo analisante (Tamburrino, 2016).

11 Destaco que todo e qualquer material clínico é passível de diferentes apreensões, o apresentado na situação I e II de supervisão é apenas um vértice de compreensão possível.12 Nome fictício.


Nesses momentos, a sensação da analista era de estar embriagada, inebriada, capturada em um estado de confusão mental, o que foi inviabilizando, paralisando sua capacidade de pensar. Confusa e angustiada com a situação, preocupada se não estaria diante de uma adolescente em estado grave, em risco, solicitou um diálogo clínico ao colega consultor, que, após a exposição do que estava acontecendo, por meio da sua capacidade de rêverie, comentou que Alice parecia ser uma ilusionista.


Ao conseguir narrar as emoções presentes na sala de análise, por meio da imagem de um ilusionista – essa é a rêverie -, o colega consultor nomeou o torpor, a confusão mental gerada pelo ataque à capacidade de pensar da analista. Lembremo-nos, diante desse quadro, de quando Bion (1959/2014) se refere ao ataque aos elos de ligação: o paciente ataca o próprio pensamento e a capacidade de pensar do analista, provocando, justamente, uma espécie de torpor.


A compreensão, manifestada por meio da narrativa do consultor, transformou o estado mental da analista: foi como se a neblina em sua mente se desanuviasse, e ela conseguisse, nesse momento, enxergar e compreender o que estava acontecendo no campo analítico. Aqui, fica então evidente a estreita conexão entre o campo analítico e o diálogo clínico com o supervisor.


A partir desse momento, houve uma transformação na mente da analista – deixando de permanecer imersa e perdida nas turbulências emocionais do campo, pôde encontrar um sentido, uma narrativa que a habilitou a estar com Alice em outra condição mental, mais disponível para o encontro analítico. A capacidade de refletir e pensar sobre o que acontecia na sessão foi retomada, ou seja, a função analítica voltou a se disponibilizar para Alice. Com isso, a escuta clínica deixou de ser capturada por preocupações psicopatológicas, o que tornou possível à paciente trazer para as sessões outros conteúdos, ou seja, o campo analítico mudou, se expandiu.


Eis que, em um determinado momento, Alice trouxe à sessão um jogo de baralho, dizendo que gostaria de mostrar sua habilidade para a mágica. A analista refletiu, então, que ela já estava mostrando essa sua capacidade, fazendo mágica na sessão: promovendo uma sensação de estar inebriada, e de confusão mental, talvez decorrente de um sistema defensivo para evitar frustrações. Quando a mágica passou a ser narrada na sessão, foi possível o trabalho com elementos simbolizados, situação alcançada com a colaboração da experiência de rêverie do supervisor – o ilusionista – no campo do diálogo clínico.


Diálogo clínico na situação de supervisão II: o enactment e a continência do supervisor


Quando Natália13 era ainda uma criança, sua família entrou em contato com a analista pedindo orientações sobre como conversar com a filha a respeito de sua condição de adotada.


Com uma riqueza psíquica surpreendente, em pouco tempo de análise, a menina não apenas verbalizava e detalhava a história contada e recontada pela mãe sobre sua adoção, o estado onde havia nascido, os costumes de lá, sua localização no mapa, como também brincava durante as sessões de ‘nascer’: passava por debaixo da cadeira onde a analista estava sentada, aparecendo do outro lado e dizendo: ‘nasci!


O vínculo transferencial e contratransferencial, presentes no campo analítico, estava bem estabelecido. Após o tema da adoção ser falado e atuado em inúmeras sessões, a pequena Natália passou a trazer então seus questionamentos sobre a sexualidade. Temas como de onde vêm os bebês e as diferenças sexuais anatômicas passaram a fazer parte dos encontros. Porém, para a mãe, o trabalho analítico que ela havia solicitado - abordar e tratar a adoção de Natália - estava concluído, o que parece ter levado à decisão de determinar o fim da análise.


O tema da separação da dupla analítica não foi tarefa fácil. Então, na tarde que antecedeu a última sessão, certo acontecimento fez com que a analista experimentasse muita estranheza e angústia.


No início do segundo ano de análise com Natália, os pais decidiram mudá-la de colégio e ela acabou indo estudar na mesma escola das filhas da analista. Como as crianças estavam em períodos diferentes, essa situação não alterou o processo de análise, o setting analítico estava preservado.


No entanto, na tarde que antecedeu a última sessão, a analista foi buscar sua filha em uma aula extra. Quando entrou pelo corredor por onde circulam as crianças, no exato momento em que elas aguardavam para serem conduzidas pelas assistentes às suas respectivas salas de aula, de repente, ficou diante da pequena Natália, que a olhou fixamente e disse: “Oi, tia, você também vem aqui? ”


A reação imediata da analista foi cumprimentá-la e dizer: “sim, Natália, às vezes eu venho até este colégio também! ”. E seguiu adiante até a sala da filha, sentindo-se atônita e confusa, com mal-estar e taquicardia, e apenas conseguindo se auto recriminar: como não havia lembrado que aquele era justamente o horário de entrada das crianças do período da tarde? Por que havia utilizado aquele corredor e não a outra entrada?


A analista sentia como se tivesse sido levada, simplesmente conduzida a estar ali e a criar uma situação tão inesperada e surpreendente para ambas. Naquela mesma tarde, felizmente antes da tão esperada despedida da última sessão, a analista procurou o colega consultor para entender o que estava acontecendo. Então, o acolhimento, a capacidade de continência da angústia por parte dele favoreceu a reflexão e compreensão do ocorrido.

O primeiro aspecto cuidado pelo consultor foi a sensação de ter sido levada, conduzida, sem o menor controle sobre a situação. Tratava-se, portanto, do que a analista nomeava uma atuação, não havia elaboração, apenas uma ação sem reflexão. A analista estava transtornada e aprisionada em pensamentos autocondenatórios.


Após essa primeira continência por parte do colega consultor, que promoveu outro estado de mente na analista, um estado mais disponível para compreender o que havia ocorrido naquele “colocar em cena”14, foi possível buscar o sentido daquele acontecimento, um autêntico enactment. A compreensão surgiu na mente da analista a partir da lembrança da fala da pequena Natália quando a viu parada à sua frente, no corredor do colégio: “Oi, tia, você também vem aqui? ”


A partir da continência psíquica do colega consultor diante da situação apresentada, a analista pôde pensar sobre o que ambas sentiam frente à despedida, que aconteceria naquele mesmo dia, dentro de poucas horas. E apesar da dor da separação após um trabalho analítico extremamente intenso e produtivo, a analista disse à Natália e a ela mesma, através de um enactment, que encontros do jeito que estavam acostumadas a viver na análise não aconteceriam mais. Porém, outros encontros, de outra forma, e em outros lugares, poderiam sim ocorrer.


14 Nas considerações finais, há uma discussão sobre a diferença entre um acting-out, ou atuação, e um enactment, colocar em cena.


Todas essas emoções que puderam ser contidas no espaço do diálogo clínico, um pouco antes da sessão da despedida, apareceram no último encontro com Natália. O encerramento da análise foi vivido por ambas como o início de outras possibilidades de encontros, em outros lugares.


O conceito de enactment – uma ação na qual o analista é inconscientemente arrastado a colocar em ato – tornou-se, a partir da supervisão, um elemento importante da análise. A escuta de um terceiro, o colega consultor, pôde transformar aquilo que foi vivido através de um enactment em uma elaboração da dupla analítica.

Dois anos após o término da análise de Natália, a analista estava em um teatro esperando o início de uma apresentação, quando escutou uma voz: “oi, tia!”. Quando virou para trás, lá estava Natália, que se debruçou sobre a poltrona, deu-lhe um forte abraço e voltou correndo para sentar-se ao lado de sua mãe.


A analista apenas sorriu, as palavras, ali, já não eram mais necessárias.


Considerações finais


No momento da supervisão, o analista, menos ou mais experiente, está exposto nas suas dúvidas e angústias acerca do atendimento; poderíamos dizer que o analista está ‘nu’, desvendado. A capacidade de continência psíquica do supervisor é, pois, fundamental como um fator transformador na compreensão do que está presente no campo analítico. Quando o analista solicita uma supervisão, trata-se, geralmente, de uma situação na qual sua mente não está em condições de metabolizar as angústias presentes na sala de análise - há um transbordamento, como na vinheta dois, ou um estado de confusão mental, como na vinheta um.


O supervisor faz uso de sua função analítica, a partir de outro lugar, de um posto de observação privilegiado, no qual é possível avistar tanto o panorama, quanto os detalhes. Ele está em outro campo, que denomino aqui o campo do diálogo clínico, está parcialmente distanciado das turbulências emocionais da dupla analítica. Lugar que torna possível outra visão, não ‘super’, mas um segundo olhar sobre o enigmático do material clínico, um olhar ampliado, a partir da sua capacidade de continência psíquica.


Essa situação favorece uma transformação na mente do analista, possibilitada pela rêverie do colega consultor e/ou professor, que pode transformar as situações de confusão mental, nas quais a capacidade de pensar do analista pode estar prejudicada, ou nas situações em que ocorre o enactment: o colocar em cena, da dupla analista- analisando, os conflitos ainda inconscientes presentes no setting.


Penso ser necessário uma breve pontuação sobre as diferenças entre o conceito de enactement e de acting-out discutido na vinheta dois. Cassorla (2015, p.44), autor que tem se dedicado ao conceito de enactment, ressalta que acting-out diz respeito a algo que acontece com o analisando, sendo o analista apenas um observador. Freud (1914) utiliza o termo agieren para se referir a fatos que não podem ser lembrados e são, então, encenados na transferência. Cassorla também destaca que o termo acting-out ou atuação passou a ser usado de forma moralista por vários psicanalistas, como se atuar fosse uma opção consciente. Precisamos considerar que o conceito freudiano de acting- out é anterior à concepção intersubjetiva da situação analítica; trata-se, ainda, de uma perspectiva unipessoal analista e analisando.


A colega da vinheta dois, que solicitou a supervisão, estava imersa em um processo autocondenatório que a estava impossibilitando de pensar a situação de enactment. A analista está paralisada na sua capacidade de refletir sobre o que estava se apresentando na cena analítica daquela forma, provavelmente, a única possível para a dupla analista-analisando. No enactment, o analista é coparticipante, ele é convocado inconscientemente a colocar em cena as angústias da separação iminente. A continência psíquica do supervisor foi importante para que a analista pudesse pensar que era essencial ter a experiência de que outros encontros ocorreriam fora do setting, que aquele não seria um vínculo que desapareceria para sempre, como com a mãe biológica, mas poderia ser transformado. Natália poderia encontrar a analista em outros contextos.


Nas duas vinhetas podemos evidenciar a inter-relação entre o campo analítico e o campo do diálogo clínico. Se há uma transformação na mente do analista, resultante da capacidade de continência psíquica do supervisor às angústias apresentadas, há, como decorrência, uma expansão do campo analítico.


Finalizando, o que aqui denomino diálogo clínico com um professor ou com um colega consultor me parece ser uma respeitável colaboração, no desafio de tornar essa profissão impossível, o possível de cada sessão.



Referências bibliográficas


Baranger, Madaleine. & Baranger, Willy. (1993) La situación analítica como campo dinâmico. In: ______. Problemas del campo psicoanalitico. Buenos Aires: Ediciones Kargieman (Trabalho original publicado em 1961-1962).

Bion, R. Wilfred (2014). Attacks on linking. The complete woks of W.R.Bion. London: Karnac Books. (Trabalho original publicado em 1959).

Bion, R. Wilfred (2014). Learning from experience. The complete woks of W.R.Bion. London: Karnac Books. (Trabalho original publicado em 1962).

Bion, R. Wilfred (2014). Notes on memory and desire. The complete woks of W.R.Bion. London: Karnac Books. (Trabalho original publicado em 1967).

Bion, R. Wilfred (2014). Attention and interpretation. The complete woks of W.R.Bion. London: Karnac Books. (Trabalho original publicado em 1970).

Bion, R. Wilfred (2014). Four papers. The complete woks of W.R.Bion. London: Karnac Books. (Trabalho original publicado em 1976).

Bion, R. Wilfred (2014). Cogitations. The complete woks of W.R.Bion. London: Karnac Books. (Trabalho original publicado em 1990).

Bohleber, Werner. et al. (2015). Para o melhor uso dos conceitos psicanalíticos: modelo ilustrado com o conceito de enactment. (M.M.O.Zuzarte, trad.) In: ______. Livro Anual de Psicanálise, XXIX, p. 251-280. São Paulo, SP: Escuta.

Cassorla, Roosevelt M.S. (2015). O psicanalista, o teatro dos sonhos e a clínica do enactment. London: Karnac Books.

Ellman, Steven.J. & Moskowitz, Michael. (1998) Enactment. Toward a new approach to the therapeutic relationship. London: Jason Aronson Inc.

Ferro, Antonino. (1995). A Técnica na psicanálise infantil. A criança e o analista: da relação ao campo emocional. São Paulo, SP. Trad. Mercia Justum.

Fleming, j. & Benedek, t. (1964). Supervision. A method of teaching psychoanalysis. Psychoanal. Q., 33: 71–96.

Freud, S. (1925/1980). Prefácio a juventude desorientada, de Aichhorn. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. XIX). Rio de Janeiro, RJ: Imago.

Freud, S. (1937/1980). Análise terminável e interminável. In Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. XXIII). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1937).

Gabbard, Glen O. & Ogden, Thomas. (2009).On becoming a psychoanalyst. Int. J. Psychoanal, 90, 311-327.

Jacobs, Theodore. (1986). On couter-transference enactments. In: Enactment. Toward a New Approach to the Therapeutic Relationship. London: Jason Aronson Inc.

Klein, Melanie. (1946/1991) Notas sobre alguns mecanismos esquizóides. In: _____. Inveja e Gratidão e outros trabalhos. Rio de Janeiro, RJ: Imago. Vários tradutores.

Klein, Melanie. (1955/1991) Sobre a identificação. In: _____. Inveja e Gratidão e outros trabalhos. Rio de Janeiro, RJ: Imago. Vários tradutores.

Ogden, Thomas. (2005). On psychoanalytic supervision. Int. J. Psychoanal, 86, p. 1265-80.Ribeiro, Marina F.R. Uma reflexão conceitual entre identificação projetiva e enactment. O analista implicado. Cadernos de Psicanálise do Rio de Janeiro, dez.2016. (No prelo).Tamburrino, Gina. Enactments e transformações no campo analisante. São Paulo, SP: Ed. Escuta, 2016

Ungar, R. Virgínia & Ahumada, Luisa C. Busch. (2001) Supervision: a container–contained approach Int. J. Psychoanal, 82, p. 71-81.

Zaslavsky, Jacó & Nunes, Maria Lucia Tiellet. (2006). Abordagem da contratransferência na supervisão psicanalítica e psicoterápica.

In Contratransferência teoria e prática clínica. Zaslavsky & Santos. Porto Alegre: Artmed.Zimerman, David. (2004). Bion da Teoria à Prática. Uma leitura didática. Porto Alegre: Artmed.



 
 
 

Comments


© 2023 by Train of Thoughts. Proudly created with Wix.com

bottom of page