De mãe em filha: a transmissão da feminilidade
- marinaribeiroblog2
- 1 de dez. de 2011
- 2 min de leitura
O objetivo principal desta pesquisa é fundamentar e sustentar, pela literatura
psicanalítica, a existência de vicissitudes psíquicas específicas na trajetória bebê-
menina-mulher. Investigo e analiso as concepções levantadas por alguns
psicanalistas sobre tão intrincada relação, e seus efeitos no contínuo desafio de
tornar-se mulher, assim como na transmissão da feminilidade. Parto das
observações de Freud sobre o recalque inexorável que encobre os primórdios da
relação de uma mãe com sua filha. Busco explicitar as nuances dos vestígios dessa
relação arcaica com a mãe, que é, para a menina, tanto o objeto de identificação
primário quanto o secundário. É a mãe quem erotiza seu bebê menina, deixando
marcas sensuais para o futuro desfrutar adulto da sexualidade feminina. Há nessa
relação do mesmo que engendra o mesmo, um risco pontecializado para a cilada
narcísica e a ilusão simbiótica. A hostilidade entre mãe e filha é compreendida como
uma busca de diferenciação psíquica, sempre presente, em maior ou menor
intensidade. Apresento a paixão entre mãe e filha, primeiramente no mito de
Deméter e Perséfone; abordo a tragédia de Electra como a outra face da paixão – o
ódio. Investigo e articulo a trama conceitual que cerca a concepção da feminilidade
em psicanálise, e faço uma explanação da origem e desenvolvimento dos seguintes
conceitos: identificação feminina primária (Paulo de Carvalho Ribeiro)
homossexualidade primária (Jacqueline Godfrind), posição feminina primária ou fase
da feminilidade (Melanie Klein) e, o materno primário e o feminino primário (Florence
Guignard). Analiso o filme Sonata de Outono de Ingmar Bergman, sob o enfoque da
insustentável nostalgia do encontro com a mãe, sempre sonhado e jamais
alcançado. Na continuidade da reflexão a respeito do filme, coloco em evidência o
olhar masculino e sua indissociável e dialética articulação com o olhar feminino.
Essa aproximação – entre o feminino e o masculino – traz à tona o conceito de
bissexualidade psíquica. O estatuto diverso da mãe e do pai como objeto também é
discutido. Apresento duas construções clínicas: Zoe e Liz. Enfim, investigo o
precioso e o tanático ou a força e a vulnerabilidade da transmissão da feminilidade
de mãe em filha.
Palavras-chave: mãe e filha, feminilidade, identificações, transmissão, sexualidade
feminina, bissexualidade psíquica.
Link de acesso ao texto: https://tede.pucsp.br/handle/handle/15873

Comments